Hoje é dia do escritor e a editora Expressividade nos presenteia com o lançamento do livro Diário da Quarentena.
O meu conto “Uma mensagem” está presente nessa antologia e foi escrito para o público infantil, que assim como todos, foi bastante impactado pela pandemia. O conto segue abaixo, espero que gostem.
Uma Mensagem
Quando Helena tinha cinco anos, o mundo passava por um momento difícil. Era preciso que todas as pessoas passassem mais tempo em suas casas. E essa tarefa, que já durava um ano, deixou a pequena menina muito chateada.
Ela sentia falta da escola, dos passeios ao seu parque preferido, dos finais de semana na casa da vovó e principalmente dos bons sentimentos que esses eventos
proporcionavam.
Ah! Como era bom!
Brincar de pique-esconde, jogar bola e fazer ciranda com a professora e os colegas da escola. E o que dizer do doce de abóbora que a vovó fazia só para ela?!
Hummmmm!
Só de pensar já dava água na boca.
Com todas aquelas lembranças seu coração se aqueceu. Helena imaginou que outras pessoas poderiam se sentir do mesmo jeito que ela. Então, a menina de
vestido de fada e pés no chão, decidiu desenhar cada boa recordação que ela tinha.
Pediu ajuda para a mamãe para poder escrever um sentimento em cada desenho.
Desenhou a escola, com todas as crianças brincando no parquinho. E com suas letrinhas, que pareciam subir montanhas, escreveu felicidade.
Desenhou crianças andando de bicicleta no play do condomínio onde morava. Escreveu alegria. Desenhou um fim de tarde, com aquele solzinho manhoso que deixava o céu colorido de vermelho, laranja e rosa, na casa da vovó, saboreando as guloseimas que a mais velha fazia.
Escreveu amor.
E assim, todos os dias Helena fazia um desenho e escrevia um bom sentimento. Para cada desenho, Helena pedia para a mamãe fazer um aviãozinho e que o atirasse
pela janela de seu apartamento.
Até que um certo dia, a campainha do lar de Helena tocou. Junto com a mamãe, ela foi atender.
Tomou um susto ao ver a vovó com um embrulho nas mãos e muitas pessoas atrás dela. Cada uma com um avião na mão. Eram os desenhos de Helena. Os olhos da
garotinha sapeca se encheram de lágrimas de alegria. Há muito tempo não via tantas pessoas. Abraçou a vovó e junto dela ouviu as histórias das pessoas que encontraram seus aviões com desenhos que lhes trouxeram conforto no
momento delicado que estavam passando.
Naquele dia Helena entendeu que o que mais ela sentia falta era da convivência com as pessoas, pois eram elas que faziam surgir aqueles sentimentos bons que
preenchiam suas lembranças. E dessa forma, passou a registrar esses momentos e guardá-los como uma mensagem para o futuro.